quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Qual a distância entre o céu e a terra?




Qual a distância entre Sua casa e onde estou agora? Em algumas situações da vida parece que ela se resume a quilômetros incontáveis de distância. Eu realmente não sei o caminho, a rota, a direção ou o meio de transporte que possa me levar até você. Embora às vezes eu me esforce para procurar uma alternativa, muitas distrações me fazem esquecer quem eu realmente deveria buscar. Não sei bem que dia ou quando eu finalmente encontrarei a rota. Talvez neste dia eu entenda que a vida foi me dada com um único propósito: ser feliz! Ser feliz amando os que estão ao meu redor, como se todos os dias fosse nosso último. Ser gentil, mesmo que não retribuam isso a mim, pois o certo é certo, mesmo que ninguém esteja fazendo, e isso é o que Você espera de mim, eu sei. Talvez neste dia eu descubra que chegar em casa e sentir aquele cheiro de café, ou de bolo, caso o café não seja o seu aroma do coração, seria o bastante pra perceber que você estava escondido em cada detalhe do meu lar. Talvez neste dia eu descubra que telefonar pra alguém que eu não vejo há alguns dias, meses e até anos, era a forma de me aproximar de corações, rir, dialogar, mas talvez servir de ombro amigo para alguém que estivesse precisando muito, mesmo que eu não soubesse como ajudar. Talvez neste dia eu entenda que ser grato por tudo, mesmo nos dias ruins, é uma forma simples de te entregar flores. E talvez neste dia, quando tudo fizer sentido e eu entender que a cada tic-tac do relógio existiram milhões de oportunidades de te encontrar, eu perceba que a distância pra chegar até você é menor do que eu imaginava, porque na verdade você está logo aqui, dentro de mim. Guardado em meu coração. 



quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Pra você guardei o amor


Guardei muitas lembranças em meu coração sobre você. Guardei tantas que às vezes tornam-se incontáveis. Guardei lembranças de tantos anos, e que sem perceber elas surgem nas mais diversas situações. O coração é tão inocente que às vezes esquece que mesmo eu querendo não posso te encontrar mais aqui. Mas escuta, eu disse "aqui". Confirmei pra mim mesma que o céu existe, porque não pode existir outro lugar para você morar. Eu gostaria de alguma forma agradecer tudo que fez por mim, e que talvez eu nem tenha conseguido retribuir tudo. O amor me ensinou muito depois de sua partida. Me ensinou que ele se torna mais forte mesmo quando um lado da corda se arrebenta e o outro lado precisa ir embora. Posso ser sincera em dizer que jamais senti uma dor tão profunda, mas hoje consigo me dirigir a Deus e dizer: obrigada imensamente por a ter conhecido e ter a graça de tê-la amado!

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

“Olho pro céu e vejo uma casa”




De que vai valer se ao final eu não puder te ver? É com essa frase que início. Existem tantas emoções na vida que enche nosso coração de alegria. Quando estou em família, num almoço de domingo. Rindo das piadas sem graça do meu pai, e vendo minha mãe dizer que cozinho diferente dela. Quando recebo uma mensagem de um amigo dizendo: “vamos fazer algo hoje? Pode ser ficar na calçada conversando.” Ou aquelas sensações que nem percebemos mas nos fazem felizes: chegar do trabalho, poder tirar os calçados e deitar de qualquer jeito no sofá. Dormir ouvindo aquele barulho de chuva. Como é bom receber carinho, uma carta, perceber que somos importante para as pessoas. Como é maravilhoso conquistar um trabalho dos sonhos. E mesmo todas essas coisas aqui sendo tão boas eu me pergunto: como será o céu, a ponto de Deus me convencer que será muito melhor que as coisas boas que Ele me permite viver aqui na Terra. Não vou mentir, passo horas imaginando como pode ser o céu, mas esse mistério não sou capaz de compreender. Mas quando por um instante peço que Deus permita que eu esteja em Sua presença, posso ter certeza que tudo fará sentido. Não quero ter qualquer coração, quero um que me faça alcançar o céu. E sim, tenho essa ousadia, pois afinal, De que vai valer se ao final eu não puder ver aquele que me deu sentido à vida? “Olho pro céu e vejo uma casa”.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Ecos do Silêncio


"- E você?
- Bem, eu... - Com a voz meio trêmula e temerosa, respondeu: - Como assim?
- É, você entendeu, Anita, eu lhe pergunto com sinceridade e verdadeiro sentimento!
- Eu também o quero! Amo você! Sofro em lágrimas cada palavra dura que eu lhe disse, pois o meu amor e real e tão forte que me faz falar sério, ser firme contigo mesmo me rasgando por dentro. Eu o amo, e se seu chamado for o matrimônio, eu quero fazer este caminho ao seu lado, se for a vontade de Deus. Ser a sua Agar, sua Ruth, sua Judith, sua Sara, sua Maria, sua Anita, toda sua... E seremos uma só alma e um só coração. Em meio a esta espera e em meio a esta obra fui me reconstruindo, e hoje sei quem eu sou, amo a enfermagem, amo restauração, amo estar aqui agora cheia de tinta e de lágrimas diante do meu príncipe encantado, diante do meu Lucano (São Lucas, o evangelista), meu grego, a quem Maria revelou seu Magnificat. Sim, estou diante de toda essa vitória de nossas vidas. Estávamos à procura da mesma coisa, da mesma pessoa, do verdadeiro sentido da nossa vida. Encontramos o sentido, o dom, a destra divina nos unem neste momento para algo muito maior que uma união física, algo sublime acima das paixões mundanas, ao desfile pelo vale dos que amam verdadeiramente, aos mil e um caminhos da sexualidade sagrada. Seremos fecundos em tudo, pois olharemos juntos para a mesma direção, e a minha felicidade estará sempre em fazê-lo feliz."
(Trecho do livro "Ecos do Silêncio" , p. 106, Nasser, José Augusto - Editora Canção Nova)

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Mais uma vez



Eai, tudo bem? Você já pecou alguma vez? Porque eu já, um monte de vezes! Eu sinto na pele o que Paulo disse que o bem que eu quero eu não faço, mas o mal que eu não quero eu vivo fazendo. A bíblia diz também que o salário do pecado é a morte. Eu e você somos pecadores... Por que estamos vivos então? Salmos responde a nossa pergunta! No capítulo 103, no versículo 10 diz que Deus não nos trata segundo nossos pecados e nem nos retribui conforme as nossas iniquidades. Você consegue entender isso? É maravilhoso, isso é graça! Nada pode nos separar do amor de Deus! É um amor grudento, é um amor teimoso. E por mais que você vá pra longe, Deus não desiste de você. Sabe, lá em Isaías 43, versículo 25, diz que Deus apaga nossos pecados e não se lembra nunca mais. Ele apaga e esquece. Que tal então pedir perdão pra Jesus mais uma vez? Não esquenta não, porque vai ser como se fosse a primeira vez, porque da última vez, Ele já esqueceu.

“Vem me abraçar, vem e apaga
Tira essa dor que o mal me causou
Vem me salvar, tua graça me basta
Ouça o clamor, senhor, de um pecador, de um transgressor”
 

(Jeferson Pillar - Mais uma vez)

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Uma misericórdia que salva!


Senhor, antes de começar a fazer qualquer coisa no dia de hoje, preciso parar aqui pra dizer umas coisas... Do meu interior brota um desejo profundo de me entregar totalmente, de me abandonar no Seu amor. Mas como? Se o pecado me destrói, me lança no lamaçal sempre que estou bem perto de Ti. É difícil enfrentar a dor de saber que por alguns instantes perco a graça de permanecer com o Senhor. Mas nisso tudo, mesmo quando estou lá, sujo, no lamaçal, algo muito maior se mistura nessa lama: Sua graça que supera, e que sabe que mesmo sem força eu desejo lutar. E meu coração parece subir aos céus quando o Senhor diz: “Não te condeno, vai, e não tornes mais a pecar.” E só sou capaz de levantar e amar porque o Senhor me ensina a amar. Só sou capaz de me perdoar, porque antes o Senhor me perdoou. Só sou capaz de perdoar meu irmão, porque antes o Senhor teve misericórdia de mim. Tenho em você o maior exemplo a ser seguido. Vai contra qualquer teoria ou ciência. Contra regras e leis. Tão revolucionário e tão simples ao mesmo tempo. Nem sei o que seria de mim sem as suas lições de amor diárias. Obrigada pela sua misericórdia sem fim! 

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Oração Simples e Sincera (Pe. Léo)

Dona Nazaré é uma mulher de muita fibra. Muito pobre. Vive sozinha nesse mundo ao lado de sua filha. Uma menina moça que nasceu com sérios problemas sanguíneos. Desde pequena a menina sempre viveu doente. Poucas foram as noites que dona Nazaré não passou acordada boa parte do tempo tentando aliviar a dor da sua pequena. Além das muitas dores que sentia em todo o corpo, a menina tinha uma fraqueza tão acentuada que a impediam de fazer até mesmo os serviços mais simples. Por ter que cuidar da filha e sendo sozinha no mundo, dona Nazaré vivia de uma pensão de meio salário mínimo, conseguida a duras penas, graças a ajuda de um vereador da região. O dinheiro mal dava pra comer quanto mais para comprar os remédios cada dia mais necessários e mais caros. A menina vivia a base de remédio caseiro e do cuidado primoroso da bondosa mãe. Infelizmente com o passar do tempo o problema da menina foi piorando.
Naquela manhã, depois de uma noite inteirinha ao lado da filha, dona Nazaré não teve outra saída senão ir até Itajubá, a cidade mais próxima, para ver se conseguia alguma ajuda. Como não conseguiu dinheiro pra levar a filha que estava fraca demais, tentou ajuda junto aos estudantes de medicina que fazem estagio no hospital universitário. Infelizmente o hospital não dispõe de condições pra fazer o atendimento domiciliar, ainda mais que a paciente estava a 18 km de distância.
Dona Nazaré não desistiu. Mãe não desiste. Foi até a Santa Casa. Quem sabe ali encontraria um médico que pudesse ir até a sua casa pra tentar curar a sua filha. Também lá não conseguiu nada, a não ser a promessa de que se trouxesse a menina, tentariam dar um jeito de interná-la. Mas infelizmente não teriam como deslocar-se até o interior. Ela ficou pensando. Pra ir até Delfi Moreira pedir a ambulância da prefeitura é uma viagem fora de mão. Quase impossível.
O jeito era trazer a menina pra Santa Casa de misericórdia de Itajubá. Nasceu no coração daquela mãe aflita um raio de esperança, quem sabe conseguiria alguém que ajudasse a trazer a menina. Decidiu voltar pra casa e pedir ajuda aos vizinhos, pensou especialmente no japonês, um plantador de arroz que tinha um jipe e de vez em quando as presenteava com meio saco de arroz recém colhido. Quando voltava ao mercado municipal, que tomaria um ônibus ou pegaria uma carona, dona Nazaré passou em frente a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Soledade. Como boa mineira, entrou para rezar um pouco. Dentro da Igreja tinha um grupo de animados jovens: rezavam, cantavam, era um grupo carismático. Por alguns instantes dona Nazaré acabou se esquecendo de sua filha doente. A música daqueles jovens era bonita demais. E dona Nazaré foi se misturando ao animado grupo. Depois de algumas suaves canções os jovens começaram a rezar. Cada hora era um que fazia uma oração espontânea. Lindas e profundas orações. Dona Nazaré se sentindo motivada e talvez até contagiada pela fé daqueles jovens, quase da idade da sua filha, também se dispôs a fazer uma oração. Claro que os jovens ficaram felizes. E acolheram com muito carinho a sua disposição.
Mas, quando a mulher começou a oração, alguns dos meninos tiveram que se segurar muito para não cair na gargalhada. Que oração mais estranha aquela mulher estava fazendo. Ela falava com Jesus como se Ele fosse um entregador de pizzas, pensou um dos meninos.
Quem será que Ela pensa que é Jesus pra falar desse jeito com Ele? – questionava intimamente uma das coordenadoras do grupo.
A mulher começava a rezar com devoção. A oração dela:

- Senhor Jesus, olha sou eu, a Nazaré. Não sei se o Senhor se lembra. Sou lá do Biguá. Muitas vezes já conversei com o Senhor na Igreja de São Benedito, lembra?
Pois é Senhor Jesus, o problema da minha menina ta cada vez pior. Essa noite ela não pregou os olhos nem um minuto, nem eu. A pobre da coitadinha gemeu a noite toda. Virava pr’um lado e pro outro. Suava feito uma condenada. Não sei como ela está lá agora. Vim aqui pra ver se achava um médico, pra ir em casa consultar ela. Mas os médicos não podem ir. Se fosse o doutor Gaspar eu sei que ele iria, que Deus o tenha. Lá na Santa Casa, mandaram eu trazer a menina. Como eu vou conseguir fazer isso? Ela ta fraca demais. Não temos dinheiro pra alugar uma ambulância, até pensei em pedir ajuda pro senhor Toshio, aquele bondoso plantador de arroz, quem sabe ele traz a menina. Mas agora eu to aqui Senhor, eu queria pedir. Já que o Senhor está em todo lugar o Senhor bem que podia ir até lá em casa curar a minha filha. Não custa nada. O senhor sabe e pode.


Os jovens estavam estragando aquela oração. Dois rapazes dos mais novos não conseguiram segurar o riso e chegaram a sair da Igreja. “Onde já se viu uma pessoa rezar desse jeito?” “Até é falta de respeito falar assim com Jesus!” “Ela nem louvou o Senhor!” “Não recitou nenhum versículo da Sagrada Escritura!” “Ela não sabe rezar!” “Com certeza nunca fez uma experiência de oração.” “Sua oração estava atrapalhando o grupo.” “O grupo tava indo tão bem.” – concluiu um dos rapazes que tinha saído. Dona Nazaré continuou rezando.

- É verdade. O senhor num instantinho podia ir lá em casa curar a menina e já voltava. Não é difícil chegar na nossa casa não. O Senhor pega a rodovia que vai pra Aparecida do Norte, lá eu sei que o Senhor conhece bem, na ponte de Santo Antonio o Senhor entra rumo Delfi Moreira, só que na hora que chegar na água limpa, bem em frente a fábrica de queijo, o Senhor vira pra esquerda, passa a ponte e continua... Depois da ponte não vira pra direita não. Lá vai para o mosteiro de Serra Clara. Minha casa fica para o outro lado. Então o Senhor passa a ponte e segue reto. Em frente sobe um morrinho bem pesado e já vai virando pra direita. Logo o Senhor já chega lá na estação onde antigamente a gente pegava o trem. Não é lá não. Lá tem uma placa com o nome Biguá mas o Biguá é mais pra cima. O Senhor passa a morada do pessoal dos r,amos, depois vem a reta do Zé Gaspar, chega na curva da Cridia, ali não vira pro lado da ponte não passa meio reto pra lado esquerdo, sobe o morrinho do grupo escolar, o Senhor vai passar em frente a casa onde o baiano morava. Depois vem a casa que era do Venazão. Ali tem até um atalho mas é melhor o Senhor ir pela estrada mesmo. Logo depois da curva o Senhor já vai ver a Igreja de São Benedito, ali é fácil. É só o Senhor perguntar na bar do Lourenço que ele sabe onde fica a minha casa, ele vende queijo, é o vereador que arrumou o fundo rural pra nós, é só o Senhor pedir pra ele que até é capaz dele levar o Senhor lá em casa, eu moro pertinho.

A essa altura os jovens já estavam se esforçando para não cair na gargalhada. Era uma experiência inédita além de longa aquilo, segundo eles, não era oração. Mas dona Nazaré continuou:

- A hora que o Senhor chegar lá em casa a portas vai tá trancada, não tem problema, a chave ta no vaso de flor que fica pendurado no alpendre. O senhor pode entrar, cura a minha filha e depois, por favor, tranca de novo a porta, que eu me preocupo muito com a menina.
Depois que o senhor curar ela, é só fechar a porta, colocar a chave no mesmo vaso que a hora que eu chegar eu acho e entro.
O jovem que tocava o violão começou a tocar uma musica e cantar bem alto, dona Nazaré parou de rezar, saiu da Igreja até meio triste, nem deu tempo pra ela dizer pro nosso Senhor que tinha café no bule em cima do fogão de lenha, caso Ele quisesse tomar um golinho. E no forninho tinha bolão de fubá. Paciência. Ater que o jovem cantava bonito. - Só foi meio grosseiro interrompendo a minha oração. – Com o pensamento continuou rezando.


Desceu a escadaria da matriz, atravessou a ponte que antigamente era muito mais bonita quando tinha os dois arcos, e foi na direção do mercado. Quem sabe um filho de Deus não lhe daria uma carona! Graças a Deus conseguiu a carona num caminhão de Sento Silva. Um pouco mais de meia hora lá estava ela de volta, sem remédio, e com a esperança de pedir ao Senhor Toshio que levasse a menina pra Santa Casa. Qual não foi a sua surpresa ao abrir a porta de sua casinha e encontrou a menina sentada, comendo um delicioso prato de arroz doce, a sua filha querida.
A menina deu um pulo de alegria e veio correndo abraçar a mãe. Dona Nazaré ficou estupefata. Já tinha até se esquecido da sua reza na Igreja.
- Minha filha, você de pé? Que cara mais boa. Como é que isso aconteceu?E a menina começou a explicar:

- Olha mamãe, eu estava deitada, como a senhora me deixou, rezei meu terço da misericórdia junto com a Eliana Sá, escutando a rádio Canção Nova. E acabei cochilando ouvindo o Diácono Nelsinho Correia cantar Quem Me Segurou Foi Deus. De repente, eu escutei um barulho na porta, como estava quase dormindo achei que fosse a senhora, que já tinha voltado. Nossa mamãe, quase eu morri! Não era a senhora. Era um homem muito bonito, grande, risonho.
Ele usava uma roupa diferente, tinha um cabelo enorme. Me olhou como nunca ninguém me olhou na vida. Ele foi chegando perto de mim e eu fui perdendo o medo. Comecei a sentir um negócio que parecia um choque elétrico, meu sangue parece que fervia. Ele não falou nada. Foi chegando em silêncio, devagarinho. Com um baita sorriso nos lábios. Chegou perto da minha cama, me estendeu a mão, pensei que fosse um médico. Tentei perguntar pela senhora mas as palavras não saiam. Eu falava mas não escutava nada. Eu acho que tava muda, surda, não sei. Só sei que Ele me segurou firme pela mão, foi me levantando vagarosamente, me colocou de pé, e me deu um grande abraço.

Com os olhos cheios de lágrimas, dona Nazaré foi repetindo quase que inconscientemente os gestos como a menina ia descrevendo. E ela, com os olhos molhados de lágrimas continuou:

- Depois de me abraçar demoradamente Ele foi saindo bem devagarinho, deu um gostoso beijo na minha testa e foi se afastando, quando estava quase perto da porta Ele fez um sinal de tchau e falou: - Diga pra sua mãe que Eu vou deixar a chave no vaso de flor. Ele ainda completou. - Gostei muito da flor. É a primeira vez que eu vejo lágrimas de Cristo em vaso. Adorei a idéia.

Claro, nenhuma das duas conseguiu achar palavras para manifestar a sua gratidão a Jesus, a única coisa que fizeram, foi buscar aquele vaso de lágrimas de Cristo, colocá-lo sobre a mesa, perto do rádio, beijá-lo com um carinho quase sacramental e olhando o pequeno crucifixo na parede fizeram chegar até o céu uma linda oração de louvor:
- Muito obrigado Senhor, viu, o Senhor achou direitinho. Eu não falei que era fácil? Brigada mesmo. Eu tinha certeza que podia contar com o Senhor.