Nunca escondi o quanto amo escrever, e como muitas vezes
consigo dizer o que não consigo falar. Parece contraditório, mas é exatamente isso.
E há dias que essa vontade surge quase que incontrolável, como agora. A chuva
aqui da minha janela, me empurra cada vez mais pra dentro da alma, toma conta
do coração e desvenda sentimentos incapazes de se comportarem aqui dentro. Eles
começam a bater na porta do coração, não para entrar, mas como alguém que diz:
posso sair agora? E sim, vocês todos podem sair agora e dançar como quiserem.
Podem expressar o amor pela vida, a felicidade em ser filha de um Rei, e ter uma
Mãe que acompanha sempre. Vocês podem dançar uma valsa nessa chuva, e dar um
largo sorriso porque há um cavalheiro para acompanhar essa dança, eu não estou
sozinha. Vocês podem dizer sem medo que às vezes é inevitável, as lágrimas vão chegar,
vou me sentir tão pequenininha, e a noite vai me engolir... e logo de manhã, um
espírito divino vai me convidar mais uma vez: vamos tentar de novo filha? E a
resposta vai ser sim! Incansavelmente vou tentar, e fazer a paz ser bem vinda
todos os dias! Não se esquecer de ser criança, não permitir crescer, para poder
ter sempre o colo do Pai. E se apaixonar todos os dias, dar risada sem motivo,
e principalmente por bons motivos. Esses sentimentos me ajudam a olhar pro céu
e enxergar uma casa. Bem grande, bem bonita, e escutar o som que vem de lá... O
som dos risos, da música que não se toca aqui na Terra, e ter a certeza: eu
quero morar lá um dia! Mas até chegar lá, quero continuar nessa chuva que me
permite aprofundar a alma e me tornar um pouco melhor, e a ser mais sensível a
tudo que acontece.